Ciao a tutti! A Pinacoteca di Brera absolutamente está entre os museus mais importantes da Itália, com obras de arte de artistas italianos da Lombardia, Vêneto e outras regiões. Na Pinacoteca temos tantas obras importantes e interessantes que chega a ser um pouco difícil estabelecer o que seria prioridade, mas nós tentaremos sugerir 9 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera para quem a visita pela primeira vez. Vamos lá!
Napoleão como Marte Pacificador (Antonio Canova)
A primeira obra de arte que você verá, querendo ou não, na Pinacoteca é a de Napoleão em vestes de Marte Pacificador. Isso porque ela já fica na entrada, ainda no pátio, grande, imponente e quase completamente nu! Ela é a uma segunda versão da escultura realizada em mármore de Carrara pelo grande artista italiano Antonio Canova (um dos maiores escultores e arquitetos de sua época) para o então Imperador francês Napoleão Bonaparte (essa estátua hoje é visível em Londres).
Essa estátua acabou fazendo muito sucesso, tanto que em 1807 Eugene of Beauhrnais (vice-rei do Reino Itálico) encomendou a Canova uma réplica, mas agora em bronze. O artista assim prepara 5 estátuas de gesso (uma cópia iria para a fundidora do cobre, uma para Nápoles, uma para Lucca, uma para a França e por último, uma para biblioteca da Universidade de Pádua que após uma série de reviravoltas, chega a Milão, onde está ainda hoje dentro da Pinacoteca e seria a 10 obra de arte imperdível da Pinacoteca di Brera.
O bronze necessário para a construção da estátua foi obtido a partir dos canhões do Castel Sant’Angelo de Roma. Quando a nova estátua de bronze de Napoleão ficou pronta e chegou a Milão, os problemas começaram: onde colocá-la? Várias foram as propostas, incluindo a Piazza del Duomo, porém em 1857, um pedestal foi feito a fim de manter a estátua nos jardins públicos. Só em 1859, finalmente ela foi posicionada onde a vemos hoje: no pátio da Pinacoteca di Brera.
Curiosidade: em 1978 a vitória alada que fica na mão de Napoleão foi roubada e o que vemos hoje é uma cópia moderna.
Cristo Morto (Andrea Mantegna)
O Cristo Morto de Andrea Mantegna, provavelmente do ano de 1483, é com certeza uma das obras imperdíveis da Pinacoteca di Brera. A pintura é famosíssima pela figura do corpo de Cristo deitado, uma das primeiras obras a instituir este tipo de representação de Jesus. É reconhecida como uma das obras mais importante da Renascença italiana e devido ao virtuosismo de perspectiva apresentado no quadro, considera-se o seu enquadramento algo inovador para a época.
O corpo de Cristo na obra está indefeso sobre uma laje de pedra fria coberta com um lençol. Somente um tecido leve protege seu corpo e seus pés permanecem expostos mostrando suas feridas. A cabeça de Jesus repousa sobre uma almofada retangular enquanto os braços estão abandonados nas laterais. À direita, na lateral do travesseiro, um recipiente é visível com o que será usado para preparar o corpo para o enterro. À esquerda, no topo da pintura, estão aqueles enlutados que choram e vigiam o corpo. Provavelmente são Maria, São João e Madalena. A Virgem enxuga as lágrimas com um lenço. O jovem apóstolo cruza as mãos e Madalena está nas sombras. Absolutamente uma das 10 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera.
O Casamento da Virgem (Raffaello Sanzio)
O casamento da Virgem é uma obra prima do mestre Rafael que remonta a 1504 e retrata o momento em que Maria recebe a aliança de São José. As figuras por trás são todos os pretendentes da Virgem Maria e cada um deles tinha um graveto na mão, esperando por uma espécie de sinal divino, mas apenas o graveto de São José floresceu e o resto da história todos já sabemos.
Perceba porém que a virgem parece muito jovem. O cabelo é recolhido em um penteado muito modesto. Além disso, uma fita transparente é enrolada na nuca. Maria usa um vestido vermelho e uma capa azul escura que envolve quase toda sua figura. O padre, no entanto, veste um grande vestido cerimonial com decorações douradas. Seu rosto antigo é emoldurado por uma longa barba dividida em duas partes. Lindo, impactante como toda obra de Rafael e uma das 10 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera.
O Beijo (Francesco Hayez)
Essa obra tornou-se um dos ícones mais representativos dos amantes, bem como um manifesto real do movimento artístico do romantismo italiano. Hayez, graças ao sucesso de sua obra, propôs alguns anos depois três versões diferentes, cada uma com algumas pequenas alterações.
A pintura foi encomendada a Francesco Hayez por um nobre, o conde Alfonso Maria Visconti de Saliceto, que o contratou para representar através da pintura as esperanças associadas à aliança entre a França e o reino da Sardenha (daí a coloração vermelha e azul das roupas) e serviria para adornar sua residência, até que em 1886, um ano antes de sua morte, decidiu doar a tela para a Pinacoteca di Brera em Milão, onde ainda é exibida na sala XXXVII.
O trabalho representa uma situação íntima entre dois filhos apaixonados, apanhados quando trocam um beijo muito íntimo, delicado e intenso. Observando melhor as roupas dos dois sujeitos retratados, percebemos que o vestido de seda azul da mulher é do estilo do século XIX, enquanto a do homem parece ser de estilo mais antigo, talvez até medieval. Até o cenário ao fundo nos ajuda a perceber o período histórico, um passado medieval e cavalheiresco.
Esta cena que está ocorrendo entre os dois dentro das paredes parece estar suspensa no tempo, bloqueada em uma atmosfera romântica, sensual e apaixonada. Aparentemente, a cena parece ser pacífica e serena, mas, pelo contrário, você sente uma tensão e instabilidade física já que ele, descansando a perna esquerda no primeiro degrau da escada de pedra, deixa descoberto o punho de uma adaga, visível de baixo da capa. Isso revela o verdadeiro significado da cena e da pintura; não é um momento sentimental simples, mas uma partida.
Existem muitos significados ocultos em O Beijo como por exemplo, a sua mensagem política. O homem que cumprimenta a mulher com um beijo rápido e apaixonado parece retratar um jovem patriota voluntário antes de lutar por sua terra. Não é por acaso que a pintura foi produzida em 1859, o segundo ano da Guerra da Independência. Até a figura perturbadora na penumbra despertou múltiplas interpretações, há quem acredite que a presença desconhecida possa representar um homem com a intenção de espionar furtivamente a cena, um conspirador que está esperando o parceiro iniciar a ação ou simplesmente que é uma empregada.
A Ceia em Emaús (Caravaggio)
Nossa obra preferida da Pinacoteca. Representa o momento exato em que Cristo, depois de ressuscitado, aparece em visão para alguns apóstolos. Há outra versão da pintura, feita em 1601, preservada na Galeria Nacional de Londres.
A obra coincide com um momento muito delicado para o pintor: estamos no verão de 1606. Aos 35 anos, Caravaggio está em Roma, onde finalmente está alcançando fama e sucesso: mas de repente tudo muda. O pintor se envolve em uma luta durante a qual ele atinge seu rival até a morte e teve que fugir. Além disso, ele ficou gravemente ferido durante esse confronto. A partir de então, ele será procurado como assassino e terá que levar uma vida fugitiva. A pintura provavelmente foi feita enquanto Caravaggio estava escondido nos feudos campestres, esperando para curar e se mudar para Nápoles.
A pintura conta um episódio do Evangelho que ocorre logo após a ressurreição de Jesus, em uma estalagem em Emaús, um local não muito longe de Jerusalém. Depois de partir o pão, ele o abençoa com o mesmo gesto feito durante a Última Ceia, e assim é reconhecido pelos dois discípulos reunidos. O rosto de Cristo está meio deixado na sombra e expressa um sentimento de melancolia muito forte. A emoção é inteiramente confiada aos rostos e atitudes dos personagens.
Curiosidade: há quem diga que, na figura de Cristo, Caravaggio se retratou.
A Flagelação de Cristo (Luca Signorelli)
A Flagelação de Cristo é uma linda obra de Luca Signorelli, que fez parte do seleto grupo de artistas chamados a Roma pelo Papa Sisto IV para decorar com afrescos a Capela Sistina no Vaticano. Nessa obra, Cristo é retratado no centro, amarrado a uma coluna encimada por uma estatueta de bronze junto a outras figuras, caracterizadas por um grande dinamismo.
Repare que Cristo está sempre imóvel na coluna, mas ao seu redor uma série de caracteres são organizados de maneira desordenada e, além disso, os dois flagelantes, com as costas arqueadas (do qual podemos ver um ótimo estudo de anatomia, uma das principais características do estilo de Luca Signorelli), quase parecem dois atores de teatro a contribuir para tornar a cena de Luca mais impactante. Este é um sinal de que, a partir dos anos oitenta do século XV, há uma impaciência em relação às regras e esquemas harmoniosos e compostos do início da Renascença. Extremamente inovador para sua época.
Cristo na Coluna (Bramante)
O trabalho do grande mestre Bramante apresenta uma grande tensão emocional e apresenta Cristo à coluna diretamente em primeiro plano, em contato direto com o visitante. Seu corpo é perfeito, musculoso, esculpido, poderoso, clássico, que amarrado à coluna parece vir em nossa direção. A coluna é decorada com os clássicos motivos florais renascentistas que também encontraremos na sacristia de Santa Maria preso San Satiro, ainda em Milão, e em muitas outras obras.
É um trabalho que mexe com você, impossível ser indiferente a ele, são olhos e lágrimas que não são facilmente esquecidos quando você sai da sala. A corda é apertada ao redor do pescoço (observe o realismo) a tal ponto que o rosto é cinza, contrastando fortemente com a pele rosácea do resto do corpo. A mesma corda apertada no braço, entre a clavícula e o pescoço, um sinal evidente de fricção. A coroa de espinhos afunda na cabeça e uma corrente de sangue cai da linha do cabelo. A testa enrugada e o rosto semi-iluminado revelam uma lágrima quase invisível que cai e se aproxima daquele rosto esculpido pela paixão. Lindo.
Pietà (Giovanni Bellini)
Bellini é um pintor extraordinário. Impossível tirar os olhos do rosto de uma mãe que toca seu filho, tornando-se uma representação universal do tormento de uma mãe que chora por ele. É como se a Virgem estivesse procurando uma última olhada nos olhos fechados de Cristo. Como se tentasse perceber seu último suspiro com os lábios semicerrados. Todo o resto é perfeição. As mãos, muito brancas de Cristo, rosadas, as de Maria. Barbas e cabelos. A fina tira de sangue na mortalha de Jesus. O desenho, como não cansamos de dizer, é do mestre Bellini. A escolha de ter como pano de fundo, dos ombros para cima, e apenas um céu cinzento tira qualquer distração do espectador e te leva ainda mais para as figuras dos personagens.
Reencontro do corpo de São Marcos (Tintoretto)
Esta tela de Tintoretto é muito particular devido à sua forma quadrada, geometricamente perfeita. Como se isso não bastasse, essa perfeição se deve ao fato de que, provavelmente, o artista criou um modelo de madeira para estudar luzes e sombras. A cena representa a aparição de São Marcos aos dois comerciantes, que procuram o cadáver do santo nas catacumbas de Alexandria, no Egito. Mas qual é o túmulo certo? Aqui, então, é que São Marcos indica o sarcófago que contém os restos de sua existência terrena. E seu corpo está deitado no chão, em primeiro plano, à esquerda em um vislumbre ousado. Em primeiro plano, à direita, uma pessoa (o personagem vestido de preto) se contorce e o fio de fumaça que sai de sua boca representa o diabo expulso.
No centro está um dos comerciantes que olha implorando para a figura do santo a iluminar a cena com uma luz ofuscante. No fundo, uma luz sulfurosa raspa os arcos da catacumba e ilumina os fios prateados das teias de aranha fantasmagóricas. A perspectiva com um ponto de fuga fora da pintura aumenta o drama e a teatralidade, e os ladrilhos quadriculados podem ser vistos sob a cortina dos personagens. Aqui está o método Tintoretto: primeiro construa a arquitetura e depois coloque os caracteres. Precisamente isso.
Anote então quais as 9 obras de arte imperdíveis da Pinacoteca di Brera para sua próxima visita!
Via Brera, 28
Atenção: devido a emergência do Covid-19, durante todo verão 2020 as visitas devem ser agendadas com antecedência aqui e são gratuitas também por todo o verão 2020
A Pinacoteca abre todos os dias das 9h30 às 18h30 (exceto segunda-feira), com última entrada as 17h